Por Daniella Sinotti, psicoterapeuta e Consteladora familiar.
A cada três casamentos no Brasil, um termina em divórcio, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Mesmo que esteja se tornando habitual, não importa o sexo e a idade, o trauma da separação dos pais costuma ser recorrente em sessões terapêuticas.
Quando não há espaço para o diálogo, cada membro da família tende a se esconder e criar um mundo interno fragmentado. Com isso, resquícios de dor e mágoa perduram. Feridas abertas na alma causam prejuízos se não forem tratadas.
Quando um casal que tem filhos se separa, uma nova ordem familiar é estabelecida. A lógica da psicoterapia sistêmica leva em conta que, ainda que haja a separação do casal, eles precisam continuar unidos enquanto pais.
O sofrimento da separação não deve impedir que os adultos enxerguem a sua responsabilidade diante da saúde emocional dos filhos. É preciso lembrar que a hierarquia deve ser respeitada. As novas regras, pós-separação, devem ter como meta central o bem-estar dos filhos.
Nesse caso, é importante não transferir para as crianças a responsabilidade de servir como intermediárias nessa nova ordem da relação.
Por mais difícil que seja, o sofrimento emocional não deve servir como desculpa para que adultos assumam atitudes irresponsáveis, movidas por rancor e mágoa. Ameaças veladas, agressões e desprezo revelam a necessidade de procurar suporte psicoterapêutico.
Quando existe esforço no sentido de organizar a família no seu novo arranjo, levando em conta o bem-estar das crianças acima das desavenças, o saldo costuma ser positivo. Pai e mãe, em companhia ou não de novos companheiros, podem compor uma base de suporte emocional adequado às crianças.